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quarta-feira, março 20, 2013

DARCY RIBEIRO ME FAZ REFLETIR


Darcy Ribeiro marcou extremamente a sociedade brasileira pela sua luta política. Conviveu muitos anos com índios do Pantanal e da Amazônia. Foi preso e exilado por desejar melhorar a vida do povo brasileiro. Trabalhou no Senado para compor a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Infelizmente, suas ações democráticas foram interrompidas em decorrência de um câncer. 
Em sua crônica “Conselhos” encontrei um trecho com o qual me identifiquei parcialmente. Darcy Ribeiro diz para ninguém se equivocar, achando-o um sábio. Acrescenta: “Ocupado em ler – consumo livros como uma traça – e escrever – que foi a melhor forma que achei para aprender – me fechei para o mundo. Virei um erudito come-papel que não sabe dançar nem se divertir e não é capaz de fazer nada com as próprias mãos, nem a comida que come.” 
Diante de uma natureza diversificada, de inúmeros seres vivos, de espaços longínquos, de profundos segredos humanos, deparo-me com a minha condição de eterna ignorância. Percebendo as limitações do próximo, afloro em mim o desejo de saber mais, para melhor cumprir minha função de educadora. Não posso ser discípula de um mestre letrado, culto e altruísta, porque este não existe, sendo assim, me inspiro no que acredito. Fujo da comodidade para não perder tempo. Contato humano me enriquece. Sentimentos de incapacidade, frustração e dor provocam-me a reflexão. Ação, trabalho, convicções e alegria me transformam. O ato de escrever amadurece meus pensamentos, aprofundando as percepções da vida que levo.  
Encontrei na escrita uma forma de aprender. Não percebi ainda se em função disso me fechei para o mundo. Creio, porém, que se eu parar, o mundo fechará as portas para mim. 
A geração atual esconde suas potencialidades, desiludida. Desconhece o poder de criação inato a ser desenvolvido. Prefere deitar suas forças no sofá, anestesiada pela programação tendenciosa da mídia. Aguarda a resposta certa, ao invés de buscá-la e questioná-la. Não sabe duvidar com argumentos. A falsa paz química detona com as esperanças de uma nação solidária e feliz. Há indiferença quanto ao que lhe reserva o futuro. Não existe resistência à dominação dos poderosos. A poluição ambiental e mental se alastra desastrosamente! 
Não penso que a sociedade deva acabar com a ignorância presente. A infinidade dos mistérios sabe que o conhecimento humano corresponde a um átomo do Universo. Como uma pessoa comum infiltrada no meio letrado, sonho em ver aumentando o número de seres humanos que desequilibram essa diferença de poder entre os abastados e os desprivilegiados economicamente. 
Os participantes desse mundo precisam conhecer suas capacidades interiores, valorizar a cultura na qual estão inseridos, atar laços de união, dar credibilidade à educação, abandonar a comodidade e lutar pela cidadania. Alguém poderá estar ironizando esse parágrafo dizendo: “Que descoberta fantástica!” E eu, diria que realmente acho esta descoberta fantástica... 
Muitas pessoas dirão que essa é uma situação complexa e que não se sabe se há forças suficientes para iniciar consideráveis mudanças. Eu só queria que soubessem que estou tentando fazer minha parte, inclusive, escrevendo, sem qualquer pretensão que exceda  o meu desejo de refletir e de expressar meus pensamentos.