Pesquisar este blog

quinta-feira, junho 28, 2012

SETE MINUTOS


Dediquei muitas horas de estudo para conhecer um material didático interessante para ensinar polinômios aos alunos da sétima série. Planejei as aulas cuidadosamente. Fui além, elaborando jogos. Organizei a turma em grupos de quatro membros. Distribuí quadrados e retângulos azuis e vermelhos. Peguei a listagem de exercícios. Iniciei o conteúdo sempre interagindo com a classe.
De repente, percebi que quatro meninos estudavam para a prova de Ciências que aconteceria assim que meu tempo terminasse. Fiquei indignada. Mais ainda, depois que descobri que aquela avaliação seria com consulta! Critiquei-os, cheia de razão, sob meu ponto de vista: “Vocês apresentam dificuldades em matemática. Eu preparo uma aula prática para que possam compreender melhor o conteúdo em questão. O que pretendem? Fico decepcionada com essa atitude que me leva a crer que realmente não preciso ajudá-los. Se reprovarem, posso lavar minhas mãos. A minha parte, eu fiz e bem feita.
Após desabafar na sala dos professores, ouvi uma sugestão: “Assista uma peça teatral gravada em DVD, intitulada Sete Minutos, com Antônio Fagundes. Irás se identificar com o ator decepcionado e irritado com as atitudes do público. Ele próprio a escreveu relando os problemas encontrados nos palcos em relação ao comportamento da platéia. Assim, vai lhe ajudar a superar essas decepções.”
Sempre gostei da interpretação de Antonio Fagundes na televisão e no cinema. A partir de agora eu o admiro incondicionalmente. A peça que vi é obra de sua vivência de ator iniciada há trinta e sete anos, quatro anos antes do meu nascimento!
Pude fazer comparações do trabalho dele com o meu em sala de aula, que excedem o espaço que me é reservado para escrever. Ele reclamava das tosses, dos roncos, dos celulares tocando, das balas sendo passadas, do barulho do pacote de batatinhas e do homem que teve a audácia de tirar o sapato e colocar os pés sobre o palco. Eu pensava nas coisas que perturbam, nós professores, enquanto ministramos nossas aulas: chicletes, pirulitos, papéis de bala no chão, bonés tapando os olhos, conversas sobre namorados, bolinhas de papel, espelhos, batons, escovas de cabelo, alunos na janela, recadinhos circulando, carteiras riscadas, livros esquecidos, tarefas esquecidas, materiais esquecidos, trabalhos esquecidos.
O que dói não são os fatos isolados. O que nos machuca é saber que nos preparamos para apresentar um modesto espetáculo e somos desrespeitados por pessoas que deviam estar ávidas para buscar ampliar seus conhecimentos, desenvolver seu raciocínio e partilhar idéias.
Fagundes, representando a si próprio na peça, recusou-se a continuar com a peça por causa do comportamento de algumas pessoas e expulsou todos do teatro. Os protestos dos expulsos e dos atrasados, impedidos de entrar, lhe renderam muitas críticas, inclusive, dos próprios colegas. Que professor já não foi criticado por não aceitar que um aluno entrasse atrasado ou por ter retirado da sala alguém que tenha lhe ofendido? Inclusive, pelos próprios colegas de profissão? Ele admite: “O ator que faço é o único que leva pancada de todos os lados e é o que mais tem a aprender.”
As nossas reclamações podem ser uma declaração de amor ao Magistério. Concluo com as palavras de Antonio Fagundes: “A peça é uma declaração de amor porque estou prestando atenção a eles. Seria uma agressão se eu ignorasse aquelas pessoas. Pode fazer o que quiser que não me atinge! Não, me atinge, eu me incomodo com eles, eu me preocupo com eles. Não é só uma declaração de amor quando você diz que ama; é uma declaração de amor quando você diz que se importa.”

Professora da E.E.F. Demétrio Bettiol
Revisão de texto: Eliane Teza Bortolotto

domingo, junho 17, 2012

PROFESSORA, ME LEVA PARA AS OLIMPÍADAS DE MATEMÁTICA!

Um exemplo de problema de Olimpíada de Matemática...
A figura dada é formada por um triângulo e um retângulo, usando-se 60 palitos iguais. Para cada lado do triângulo são necessários seis palitos. Se cada palito mede 5 cm de comprimento, qual é a área (em cm²) do retângulo da figura?
(a) 1 200        (b) 1 800      (c) 2 700      (d) 3 600       (e) 4 500
OBS: No momento da correção solicitei que os alunos representassem a figura do problema usando palitos de fósforos para que conseguissem interpretar melhor a situação-problema.

Em maio de 2005, assim que entrei na sala de aula e soltei meu material sobre a mesa, ouvi um pedido inesperado do Maiquinho: “Professora, me leva para as Olimpíadas de Matemática!” Imediatamente, respondi: “Não vamos até às Olimpíadas: elas é que virão até nós. Já fizemos a inscrição. Nossa escola participará, sim.
Associamos a palavra olimpíada aos jogos que acontecem de quatro em quatro anos, originariamente efetuados na cidade de Olímpia - na Grécia antiga – e que, depois de um longo tempo esquecidos, foram retomados em 1896. A relação com o esporte é tão evidente que freqüentemente se ouvia a seguinte pergunta: “Quando é que vai acontecer a Maratona de Matemática?”. Vamos abrir outro parêntese para falar sobre o sentido de maratona: corrida pedestre de cerca de 42 km - distância de Maratona a Atenas. Segundo o dicionário, pode significar também, uma competição esportiva, lúdica ou intelectual. Talvez, fosse mais adequado chamar a Olimpíada de Matemática de Maratona de Matemática. Aliás, as maratonas acontecem todos os anos, assim como as Olimpíadas de Matemática.
Expliquei às turmas que a organização dessas olimpíadas é diferente dos jogos olímpicos que conhecemos através da televisão e dos jornais.
As provas não são realizadas diante de uma torcida numa cidade escolhida e para onde se deslocam várias equipes. O local da competição é na própria escola.
Na verdade, os testes são individuais e tradicionais - vinte questões com cinco alternativas cada uma. As habilidades avaliadas são teóricas e não físicas.
Os alunos que se destacarem nas provas poderão receber medalhas de ouro, prata ou bronze. Alguns ganharão bolsas de estudo.
Essa participação gerou expectativas e experiências interessantes. No dia da prova, havia alunos dizendo que estavam ansiosos para fazê-la, outros sentiam uma “dorzinha de barriga” e não faltaram os “indiferentes que chutaram resultados porque não valia nota para o boletim”.
Depois, revendo e corrigindo as questões, percebemos como muitas crianças vibravam ao descobrir que acertaram determinados problemas. Os comentários mostravam a repercussão: “Eu falei com minha mãe sobre o problema do tanque de gasolina do carro. Era fácil, eu não podia ter errado.” Outros riam por terem se atrapalhado: “E aquele da régua? Caí direitinho.” E havia observações que nos davam a certeza de estarmos no caminho certo, enquanto educadores: “Eu entendi aquela questão das peças porque era igual aquela que a professora ensinou pra nós com o material dourado.”
E, antes de divulgar os resultados, quando souberam que a lista dos classificados estava pronta, não faltaram tentativas pra conhecer antecipadamente o nome dos que nela constavam: “Diz pelo menos se alguém da nossa sala passou. Por favor, professora!
Olhando às folhas amarelas – prova do nível I - e rosas – prova do nível II – me perguntei: “Quais são as possibilidades de alguém acertar todas as vinte questões que nelas constam, apenas chutando uma das cinco alternativas?” Peguei uma calculadora simples e não consegui porque o resultado ultrapassava os oito dígitos que podem aparecem em seu visor. Troquei-a por uma científica e também não deu um valor preciso porque esta podia apresentar somente doze dígitos. Finalmente, tive que usar a calculadora do meu computador, que aceita até trinta e dois dígitos e assim, consegui a resposta: uma chance em noventa e cinco trilhões, trezentos e sessenta e sete bilhões, quatrocentos e trinta e um milhões, seiscentos e quarenta mil e seiscentos e vinte e cinco possibilidades. Parece impossível? Graças aos conhecimentos matemáticos podemos provar que não é. E, inclusive, tivemos a certeza de que para se sair bem em uma prova é necessário ter mais conhecimento do que sorte.

domingo, junho 10, 2012

FESTA JUNINA NAS ESCOLAS


            Sinto saudades das festas juninas organizadas pelas escolas antigamente! A comunidade aguardava essa data cheia de expectativas. A maioria dos festeiros preparava a vestimenta com esmero. O dinheiro para comprar os quitutes era reservado com muita dificuldade. Os alunos passavam pela tensão de fazer apresentações em público. Só se ouvia as canções típicas e não tinha música eletrônica em nenhum momento!
            Hoje, a E.E.F. Demétrio Bettiol é uma das poucas escolas que conheço e que ainda preserva muito dessa tradição cultural. As instituições de ensino estão optando por fazer apenas a festa junina interna. E logo, logo, não haverá nem isso.
            Nós, educadores, já reclamamos muitas vezes do excessivo trabalho que dá organizar uma festa junina. Já afirmamos que é hora de acabar com elas porque o lucro não compensa. Eu ouço isso e fico um pouco triste porque vejo nelas um raro momento de reunir pais, alunos, funcionários e as demais pessoas da comunidade. Cogitamos não trabalhar como forma de protesto à falta de valorização que temos sofrido por parte do poder público. Desistimos porque além de não acertar o alvo, poderíamos estar dando “um tiro no próprio pé” ou descobrirmos que pessoas foram atingidas pelo “fogo amigo”. Não podemos esperar que o poder público siga o exemplo das empresas modelo em gestão, que já compreenderam que qualidade se faz também, garantindo a satisfação dos seus funcionários.
            Voltemos à festa... Os participantes da festa puderam se divertir com atrações como, a pescaria, o bazer e o “porquinho-da-índia”. Os professores de Educação Física, João Fabrício Somariva, Marcos Medeiros Pereira e Alitéia dos Santos, organizaram as apresentações de quadrilhas e dança country. A apresentação cultural “Boi-de-mamão” foi organizada pelo professor de música, Rodrigo Cardoso. Particularmente, fique encantada com a alegria proporcionada por essa brincadeira. Eu nunca havia assistido uma apresentação completa. Quanta coisa interessante acontece dentro da escola e não ficamos sabendo?
Pensei no trabalho silencioso dos educadores, nas atividades que programam pensando em qualificar o ensino da sua disciplina, nas experiências individuais e coletivas que proporcionam o crescimento intelectual e pessoal das crianças, na persistência em acreditar na Educação e nos problemas que todos os dias são solucionados ou que aguardam solução. Precisamos mostrar mais as coisas boas que acontecem dentro da escola. Precisam dar ênfase aos acontecimentos positivos.

sábado, junho 02, 2012

VIDEOCLIPE TRABALHO DE LÍNGUA PORTUGUESA


Videoclipe apresenta o trabalho realizado pela professora de Língua Portuguesa, Tatiane Périco Sazan, da E.E.F. Demétrio Bettiol. As turmas envolvidas foram a 703 e 704 do período vespertino.
O trabalho iniciou-se com um texto do livro didático: O coronel de Macambira. A história conta o drama de um engenheiro agrimensor. Para que os alunos conhecessem mais essa profissão esteve na escola um profissional da área, Ademir Magagnin.
As alunas Érika Acordi Quaresemin e Alice Ferreira Inácio contam em poucas palavras a curiosa história de Natal Coral, um engenheiro italiano que atuou em Nova Veneza, trabalhando na Companhia de Colonização.
Desejamos que os demais professores sintam-se motivados a mostrar seus projetos aplicados em prol da Educação dos alunos de nosso município.