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sábado, agosto 25, 2012

CULMINÂNCIA DOS PROJETOS DA EDUCAÇÃO


             A Secretaria de Educação de Cocal do Sul tem incentivado os professores a apresentarem seus projetos na “culminância”. Quando ouvi essa palavra pela primeira vez, achei um pouco esquisita. Mas, já a associei com “cume” que significa o ponto mais alto de um monte. Então, foi fácil relacioná-la à Educação: culminância é o momento de apresentação ou a entrega de um projeto desenvolvido para garantir aos alunos aprendizagem e que se espera que tenha sido concluído com sucesso, que tenha permitido aos alunos partir de um estágio menor de conhecimento para outro maior.
            A intenção da Secretaria de Educação era que os professores da mesma disciplina da rede municipal se reunissem e elaborassem coletivamente seus projetos. No entanto, não foi previsto um tempo para esses encontros e para isso acontecer teríamos que nos organizar em horários à noite ou nos fins de semana. Não é fácil elaborar projetos em grupo nessa vida corrida de professor. Não é má vontade dos educadores: é falta de tempo para discutir ideias, planejar atividades e avaliar o andamento do processo de ensino. Esse é um dos motivos do nosso trabalho ainda ser muito solitário: em casa, planejamos nossas aulas, com os alunos as desenvolvemos e nós mesmos as avaliamos. Algumas vezes, conseguimos conversar com a Orientação Escolar ou com a Direção da Escola sobre nossa metodologia, sobre os resultados das provas e sobre nossas angustias e alegrias.
Em nossa carreira profissional, cansamos de ouvir falar da importância dos projetos e raras escolas foram capazes de se organizar e trabalhar verdadeiramente dentro dessa linha. Com o tempo, acabei acreditando mais no que o professor da UNESC, Ademir Damázio, nos disse num encontro: “Eu não acredito em projetos, acredito em boas atividades”. Verdade! Há tantas atividades maravilhosas acontecendo dentro das salas de aulas e os projetos acabam em tentativas!
Enquanto eu editava as fotografias e os vídeos de um trabalho que desenvolvi com a turma 603 (6º Ano) da E.E.F. Demétrio Bettiol, fiquei emocionada. Meu objetivo principal era que eles assimilassem os conceitos de área e de perímetro. Percebo que o aluno que não compreende bem esses conteúdos está fadado a não entender álgebra, equação de 2º grau e o Teorema de Pitágoras, por exemplo. Para isso acontecer planejei atividades com papel quadriculado, recortes de jornais, medimos a quadra e construímos jogos. Costumo ter comigo uma câmera digital e por isso registrei alguns momentos. Depois, analisando as imagens e nossas ações, percebi quanta coisa fazemos e não notamos que são essências na vida das nossas crianças. É claro que tive que cortar a cena em que tenho que interromper as explicações porque um aluno reclamou que o outro estava lhe chamando de apelidos! Sob a sombra de uma árvore dei minha bronca... Mas entendo que essas situações desagradáveis fazem parte da vida coletiva, do papel de educador, da missão de corrigir as falhas humanas. O que me encantou mesmo foi vê-los pintando, recortando, contando, perguntando e aprendendo. Avaliei que eu e meus colegas não devemos sentir tanto aquela sensação de que a nossa missão não foi cumprida!
No dia 29 de agosto acontecerá, no Centro Comunitário de Cocal do Sul, a exposição de trabalhos, apresentações artísticas e produções dos projetos desenvolvidos pelas escolas da rede municipal no 1º semestre desse ano. É importante que toda a comunidade escolar visite para conhecer as coisas boas que acontecem dentro das escolas. Necessitamos trocar experiências com outros professores. Precisamos mostrar aos pais que trabalhamos para o crescimento intelectual e humano de seus filhos. Devemos mostrar que temos condições de superar as dificuldades de ensino. Temos que sentir orgulho do que sabemos fazer com qualidade!

segunda-feira, agosto 13, 2012

REFLEXÃO SOBRE OS JOGOS DA ESCOLA


            Quero refletir um pouco sobre o que vi e gostei e o que vi e não gostei nos jogos organizados pelos professores de Educação Física da minha escola...
            Nossos alunos passaram três dias competindo nas modalidades de futsal, de voleibol e de handebol. Havia tanta energia e alegria no ar! Nas arquibancadas eles podiam gritar à vontade. Dentro da quadra eles podiam se movimentar à vontade. Fora da sala de aula eles podiam ser mais espontâneos e livres.
            É muito lindo ver a torcida feminina enfileirada, batendo palmas em sintonia, vibrando e incentivando a sua turma. A união, tão ausente em nossas relações aparece naturalmente.
            Nós adultos, achamos até engraçado ver aqueles adolescentes com a mão suada, o coração batendo mais forte, as pernas tremendo, o rosto expressando aflição quando a disputa é apertada, os dedinhos fazendo “figa” e o olhar desconsolado das meninas quando falham, principalmente, no voleibol. São eles crescendo, são eles aprendendo a viver, são eles abraçados fazendo a oração do pai-nosso, são eles superando desafios, são eles descobrindo que na vida precisamos do outro para vencermos! Nessas horas penso que eu devia ter jogado mais...
            O que mais me incomodou nesses jogos? O lixo jogado nas arquibancadas! Por que não dão alguns passos a mais e colocam no saco plástico pendurado logo à frente? São eles imitando os adultos... Pedi que me ajudassem a recolher e vários responderam: “Não fui eu quem jogou?” Como é difícil educar para a cidadania! É claro que teve quem fez a diferença e colaborou ajudando na limpeza.
            O que me perturbou? Alguns alunos batiam incessantemente as garrafas PET vazias contra as arquibancadas provocando um barulho sem ritmo e por isso, insuportável. Fiquei com dúvidas em relação ao que deveria fazer: pedir para parar ou deixar que extravasassem. Estaria eu, sendo a “chata” se os proibisse de continuar? Ou, estaria eu, sendo omissa diante de um ato que parecia ser mais agressivo do que um jeito de torcer. Observei atentamente os alunos que faziam isso e tentei imaginar que prazer sentiam em causar tanto barulho. Na incerteza do que seria correto fazer, não interferi. Quantas dúvidas devem ter os pais deles quando precisam decidir entre o sim e o não, entre deixar e impedir, entre oferecer e negar!
            Um aluno da 6ª série começou a tocar “We will, we will rock you”, batendo a garrafa PET contra o concreto das arquibancadas e foi acompanhado pelos colegas nas palmas. Para eles era um momento de curtição e para mim de saudade. Não sei se eles sabem que essa música é do Queen e o que significa a tradução do refrão. Mas, eles estavam fazendo exatamente o que a letra diz: “Nós vamos, nós vamos sacudir você!”. Penso que eu devia ter dançado mais...