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segunda-feira, novembro 27, 2006

169. Uma exposição de Física

Alunos da turma 801 visitando o projeto do SESC - Criciúma -"Ciência do Cotidiano".
Jadna, Suelen, Cintia, Andieli, Taise B. e Luiz Gustavo observam o sistema de roldanas.
Jornal de Cocal: dia 29 de novembro de 2006

Há uma exposição com experimentos de Física acontecendo no SESC de Criciúma. É uma visitação aberta com monitoria e oficinas temáticas. Vamos aprender mais sobre as Ciências do nosso cotidiano? Você está indo para o Ensino Médio e os conceitos que lá estão sendo apresentados lhe ajudarão a entender esse assunto. Sei que esse ano está acabando, mas os tempos de aprender são eternos. Eu te levo, se quiser. Terei prazer em relembrar os conteúdos que estudei quando tinha a sua idade. Fui ontem e desejei tê-lo ao meu lado para que despertasse em você a curiosidade científica. Não pense que quero transformá-lo em um cientista. Almejo apenas que não sejas tão ignorante diante das descobertas e redescobertas divulgadas freqüentemente.
Quero que entendas melhor do que eu, as respostas dadas às perguntas sobre os fenômenos que percebemos diariamente. Por que o céu é azul? Por que o pássaro não leva choque quando pousa no fio de luz? Por que o spray é gelado? Por que os alimentos cozinham mais depressa na panela de pressão? Como podemos calcular a altura de um prédio através das sombras projetadas? Por que o navio não afunda? Sinto saudade da sua divertida fase do “por quê”.
Sairás de lá com mais dúvidas do que tens agora. Pode parecer estranho, mas é assim que aprendemos. Alguns experimentos chamam a atenção pelos movimentos exercidos, outros nos causam estranheza e há até aqueles que nos fazem rir.
Há uma ilusão de ótica interessante. Tentamos pegar um porquinho e descobrimos que a imagem visualizada não corresponde a real. Rimos da incapacidade de nosso cérebro de diferenciar imagens refletidas e reais.
A máquina a vapor encantou gerações. Um modelo do seu funcionamento nos instiga. É fantástico pensar que aquelas engrenagens produzem um movimento capaz de gerar energia elétrica, que por sua vez, pode ser transformada em energia luminosa, sonora ou térmica.
Você poderá sentar numa cadeira giratória, segurar uns pesos – esses usados em academia de ginástica – e enquanto estiver girando, abrir e fechar os braços pra sentir o que acontece. Além, é claro da tontura e da vontade de vomitar.
A famosa Torre de Pisa, da Itália, está representada numa montagem que objetiva demonstrar o que ainda a mantém em pé: o Centro de Gravidade. Só vendo pra entender!
Toda vez que subimos a Serra do Doze, vemos os geradores de energia eólica. Lembra daqueles cata-ventos gigantes da região de Lages? Nós assistimos um biólogo manifestando-se contra o uso dos ventos na produção de energia elétrica por causa dos pássaros que morrem naquelas pás, apesar desse método ser considerado um dos mais limpos. Fizeram um experimento mostrando isso!
Podemos conhecer melhor o sistema de roldanas que visa diminuir o peso levantado. Você poderá puxar as cordas, levantar pesos e analisar na prática, o que calcularás usando fórmulas.
Há uma representação que prova o quanto economizamos usando lâmpadas fluorescentes ao invés de incandescentes.
Colocaram uns espelhos do nosso tamanho que deformam nossa imagem na horizontal, na vertical e em ambas. Fizeram também uma representação das doenças de visão e de como as lentes fazem as correções.
Sobre o pêndulo de Newton e a transmissão de som por fibra óptica, eu não estudei nada nos bancos escolares. Em compensação, já fiz muitas experiências com imãs, bexigas, velas e bússolas. No entanto, sempre há algo mais a acrescentar ou um questionamento que surge de repente.
Vamos, pegue a lista telefônica e ligue pra confirmar os horários de visitação. Tenho certeza de que vais gostar e talvez, um dia até me agradeça.

sábado, novembro 25, 2006

168. Quem fez a escola acontecer?

Jornal de Cocal: dia 22 de novembro de 2006

Já estamos na reta final de mais um ano letivo. Iniciamos a contagem regressiva!


Como se sentem os professores em relação a sua prática pedagógica? Que análises a Equipe Diretiva faz do seu próprio trabalho? Há mais pais tranqüilos ou temerosos em relação à aprovação dos seus filhos? Quantos alunos estão ansiosos com as notas que refletem parcialmente sua caminhada pelos conteúdos oferecidos para que cresçam integralmente? De todos os membros da comunidade escolar, quantos serão humildes, justos e verdadeiros ao fazerem uma auto-avaliação do papel que desempenharam no decorrer do ano?


Erros e acertos acompanharam professores, diretores, orientadores, pais e alunos. Que atire a primeira pedra quem nunca falhou! Que colha flores quem já acertou! Não há dúvidas de quem ninguém poderá arremessar uma pedra e de que todos estarão segurando um buquê. A diferença estará na quantidade de flores e nas cores do buquê que cada um poderá fazer no momento da colheita. Haverá flores murchas no meio das vigorosas e vice-versa. Alguns formarão um buquê com margaridas, azaléias, copos-de-leite, estrelinhas, lírios, e galhos de samambaias. Outros, sabem que em seu buquê haverá apenas rosas e um galhinho de avenca!
A escola é um jardim que floresce todo ano durante todas as estações. A terra boa que ela precisa para apresentar bons resultados é cultivada por diversas mãos. Há mãos que preparam, espalham e regam as sementes. Há mãos que retiram a erva daninha que irá sufocar algumas plantinhas. Há mãos que fazem o buraco do transplante da muda. Há mãos que arrancam a planta da terra e a esquecem num canto. Há mãos calejadas que não desistem do trabalho. Há mãos que apontam culpados. Há mãos que seguram com força. Há mãos sujas de terra e que por isso, estão limpas. Há mãos limpas que desconhecem a textura da vida. Há mãos que se escondem depois de dar o tapa. Há mãos que tocam pedindo desculpas. Há mãos que cruzam os dedos pedindo a interferência divina. Há mãos que fazem a escola acontecer.


A escola sofre porque é formada por seres humanos que desejam, amam, batalham, cansam, traem, adoecem, decepcionam-se, tem expectativas e sonhos. Nem todo sofrimento é ruim!


A escola vibra porque é formada por pessoas que fantasiam, pensam, descobrem, concretizam idéias, colaboram e buscam caminhos. Nem todas as vibrações são positivas!


A escola não pára porque o mundo precisa de um lugar onde as diferenças se encontrem, os calor humano se apresente, o conhecimento seja explorado, as dores tragam aprendizagem e as perguntam busquem respostas.


Certamente, as mãos mais bonitas estarão colhendo as flores mais belas dentro das melhores escolas. Precisamos acreditar ainda mais no potencial educador das instituições de ensino e portanto, na força transformadora existente em cada um dos seus membros.


Mais mãos, mais flores! Mais flores, mais qualidade! Mais qualidade, mais escolas melhores!

167. Estarei comigo por algumas horas


Jornal de Cocal: dia 15 de novembro de 2006

Hoje quero brincar de viver. Tentarei sentir que existo. Não deixarei a cidade atropelar minhas emoções. Estarei comigo por algumas horas.


Vou buscar um copo de água gelada e saboreá-la como se fosse um dos poucos refrigerantes que tomei na minha infância.


Subirei na ameixeira que vi crescer, dar frutos inúmeras vezes e que ameacei cortar ao ver meus sobrinhos escalarem seus galhos desrespeitando as proibições anteriores.


Encostarei minha cabeça no encosto do sofá, olharei pela janela e buscarei o azul do céu que me adormecerá.
Assistirei um filme que mostre as belezas da natureza e as forças positivas encontradas no interior humano, que toque em meu coração e me faça acreditar em dias melhores.


Lembrarei das pessoas que passaram pela minha vida deixando saudades, ensinamentos, dores, exemplos de determinação e amor.


Entrarei na igreja, de joelhos diante de Deus agradecerei e farei pedidos porque quero revigorar os sonhos que plantei.
Telefonarei para algum parente que não vejo há mais de dez anos e que mesmo assim, perguntam aos meus familiares sobre mim.


Comprarei dois pães d’água e jogarei aos peixes que vivem no chafariz da praça que fica a poucos metros de minha casa.


Ouvirei novamente a Oração de São Francisco repleta de sabedoria e que sempre tive como guia nos momentos mais difíceis de minha vida: “onde houver ódio que eu leve o amor, onde houver ofensa que eu leve o perdão, onde houver discórdia que eu leve a união.”


Revirarei os álbuns de fotografia para selecionar as mais importantes e montar um painel que representa os momentos mais felizes da minha vida.


Chamarei o catador de lixo para que recolha e aproveite as revistas velhas que ocupam espaço em minha garagem.
Eliminarei as roupas velhas dos armários de meus filhos, oferecendo a outras crianças.


Olharei nos olhos dos meus vizinhos quando passar por eles, cumprimentado-os verdadeiramente, perguntado se tudo está bem querendo realmente saber.


Tomarei banho com um sabonete de camomila sem preocupar-me com a conta de luz, com a racionalização da água e com o tempo.


Prepararei um chimarrão bem quente, com a erva-mate da minha terra e cuia feita com porongo colhido nos chão onde pisei.


Dormirei com a televisão desligada, sem programar o despertador, ignorando o barulho dos motores de carro e com um incenso aceso.


Com licença, hoje, tenho muitas coisas pra fazer. Mas, desta vez, estarei somente comigo por algumas horas. Já aceitei o diagnóstico do meu médico e tenho que fazer as coisas que desejo.

domingo, novembro 05, 2006

166. Nós estávamos estudando?

Jornal de Cocal: dia 8 de novembro de 2006

Vamos organizar uma viagem de estudos? Temos ônibus de graça, pago pela prefeitura. Só não podemos ultrapassar quinhentos quilômetros. Precisamos apenas fazer um roteiro interessante e encaminhar um projeto à Secretaria de Educação. Para onde? Subiremos a serra e iremos até o Morro da Igreja? Alguns pais vão achar arriscado demais, apesar de ser menos perigoso que andar pela BR 101. Tem o Parque Escola, em Balneário Camboriú. Não dá porque ultrapassa a quilometragem permitida. O Museu da PUC em Porto Alegre seria ideal, pois os alunos da oitava série estudam Química e Física? Não pode porque fica fora de Santa Catarina. Então, vamos visitar Florianópolis. Certo, vamos escolher os pontos turísticos! Que turmas levaremos? A sétima e a oitava série que juntas tem quarenta e quatro alunos. É importante convidar alguns pais. Todos vão? Acho que sim, afinal os adolescentes curtem sair e os gastos serão mínimos.” Depois disso tudo...


Organizamos um roteiro que consideramos interessante para um grupo de alunos que mora no Bairro São Simão de Criciúma. Pensamos em explorar pontos históricos, estimular a consciência ecológica e oportunizar o deslumbramento de praias famosas da capital.


Finalmente chegou o dia da viagem! Por incrível que pareça não conseguimos lotar o ônibus. Vários alunos não quiseram participar do passeio, outros, não foram autorizados pelos pais que tinham seus motivos. Quem gosta de conhecer o mundo, não entende os que preferem ficar em casa quando surge uma oportunidade dessas! Pensando bem, temos a tendência em acreditar que o que é bom pra nós, deve ser bom para o outro. Acho melhor voltar ao assunto...


Tivemos um dia maravilhoso e proveitoso com a ajuda do tempo e do guia turístico que ao sinal de “Muita calma nessa hora. Muita hora nessa calma” e “Alô, neném!”, atraia nossa atenção.


A euforia foi grande quando passamos em frente a casa do tenista Guga. E ele, sequer estava lá!


Depois de percorrer ruas tortuosas, nossa primeira parada foi na praia da Joaquina, freqüentada por surfistas. Fomos cercados por vendedores ambulantes de óculos de sol. Respeitamos o tempo de quinze minutos e retornamos ao ônibus.


Logo depois, estávamos pisando sobre o Museu Arqueológico ao Ar Livre na Barra da Lagoa. O que havia lá? Marcas nas pedras, que segundo os pesquisadores, são indícios de que há mais de quatrocentos anos, os índios estiverem lá amolando suas facas. Penso que os alunos não tinham noção do significado histórico daquele lugar, mas certamente não esquecerão do que viram. Atravessamos uma ponte pênsil e percorremos a trilha do Farol da Barra curtindo uma bela paisagem panorâmica da Lagoa da Conceição, da Praia da Barra da Lagoa e da Praia do Moçambique.


Visitamos uma das bases do Projeto Tamar (ta de tartaruga e mar de marinha). Na sala de vídeo vimos pendurados esqueletos de golfinho e tartaruga. Conhecemos tartarugas que vivem em tanques. A monitora explicou: “As tartarugas respiram via pulmões e logo que nascem entram no mar. As fêmeas retornam para as areias somente no período da desova; os machos nunca voltam. Os ovos são chocados pelo calor da areia e o sexo é determinado pela temperatura.” Não compramos lembrancinhas por causa dos preços altos.


Paramos o ônibus em frente ao Museu de Armas Major Lara Ribas que guarda peças bélicas interessantíssimas. Descemos rapidamente até o Forte Sant´Anna, mas não conseguimos observar cuidadosamente os canhões porque caia muita areia do alto da Ponte Hercílio Luz que está sendo restaurada. Os trabalhadores estavam usando o jato de areia para desenferrujar as estruturas metálicas.


Antes de chegarmos a Praca XV, o guia provocou: “Prestem atenção. Vamos encontrar uma figueira centenária que tem o poder de atender alguns pedidos, para isso é preciso dar voltas ao redor dela, conforme o que desejam.: uma volta, pra achar namorado; duas, pra casar, três pra divorciar-se; quatro, pra nunca casar; e cinco, pra viuvar-se. Mas, atenção, pra dar certo tem que dar a volta da esquerda pra direita.” Várias alunas sossegaram somente depois de dar as voltas. Foi em frente a essa famosa árvore que tiramos a foto clássica e que nos trará muitas recordações. Enquanto nos organizávamos, um senhor idoso, fez questão de repetir que aquela árvore tinha cento e trinta e cinco anos!


Passamos pelo Mercado Público, ficamos chocados com as crianças que dormiam em frente a Igreja de São Francisco e conhecemos peças artesanais e alguns monumentos que mostram parte da história da nossa capital. Enfim, estudamos muito nesse dia.

quinta-feira, novembro 02, 2006

165. Preciso! Preciso! Preciso!

Jornal de Cocal: dia 25 de outubro de 2006

Preciso! Preciso! Preciso!
Preciso entender porque é necessário saber ler, escrever, desenhar, interpretar mapas, resolver equações matemáticas, relacionar fatos históricos e ...


Preciso compreender porque devo escolher os governantes do meu país, respeitar as normas de trânsito, participar das atividades da escola onde meu filho estuda, fazer documentos diversos, acompanhar as reuniões da empresa onde trabalho e ...


Preciso entender porque tenho que ser alguma coisa na vida, trabalhar com amor, adquirir bens, comunicar-me com eficiência e ...


Preciso ser convencido de que é importante telefonar para parentes, assistir os filmes lançados no cinema, freqüentar a academia de ginástica, visitar o médico periodicamente, comer frutas e ...


Preciso que me mostrem o valor dos discursos políticos, dos sermões dos padres, dos conselhos dos mais velhos, dos ditados populares, das palavras da Bíblia Sagrada e ...


Preciso ver onde está a graça do sorriso de uma criança, a força das ondas do mar, o encantamento das estrelas do firmamento, a energia da terra molhada, o calor dos raios solares, o poder dos ventos e ...


Preciso ouvir os sons das músicas produzidas pelos Homens, o barulho das águas correndo entre as pedras do meu passado, o galo caipira avisando que amanhece, os gritos excitantes perdidos na mata da infância que um dia me pertenceu e ...


Preciso acender uma vela no cemitério, fazer uma oração pela alma de meu tio, jogar fora os diários que escrevi, queimar o lixo acumulado no quintal e ...


Preciso esquecer do mundo brigando por causa do petróleo, das bactérias perigosas escondidas em todos os lugares, das pessoas mortas de fome, das guerras entre povos insensatos, dos traficantes que me perseguem e ...


Preciso ignorar o sangue escorrendo na tela da televisão, o ladrão que não bate à porta, as contas penduradas na geladeira, as buzinas irritantes, o programa eleitoral gratuito e ...


Preciso pescar um lambari, encontrar uma flor amarela, levar meu sapato pra engraxar, lavar o cobertor de lã, marcar uma consulta com um dentista qualquer e ...


Preciso descobrir um meio de não sentir dor no peito, de acabar com as cólicas menstruais, de evitar as gripes, de não sentir cansaço nas pernas e ...


Preciso ser indiferente aos ponteiros do relógio que não param um segundo, às saudades dos bons tempos, aos cachorros sarnentos da praça, aos medos produzidos diariamente para assustar meus antigos sonhos e ...


Preciso descobrir o que fazer para não ser internado no “Rio Maina” antes de completar meus sessenta anos. Talvez ainda dê tempo.


Preciso! Preciso! Preciso!