Percorremos mais de um quilômetro por dentro da mata
sem ver um macaco. O monitor do parque avisou que devíamos andar em silêncio,
falar baixinho e evitar fazer qualquer barulho para não espantar os bichos.
Respeitamos a regra, porém, o único que apareceu cedo foi o tucano e outros
animais indiferentes à presença humana, como, abelhas-mirins, formigas, aranhas
e borboletas.
Depois de fazer a trilha junto com o guia, fomos liberados para refazer o
mesmo caminho, andando no ritmo e na direção que quiséssemos. Essa liberdade
provocou correrias e quebrou o silêncio. Parecia que a mata estava infestada de
papagaios!
De repente, um macaquinho curioso nos observava do alto de uma árvore. O
Maycon ofereceu salgadinho para tentar aproximá-lo e conseguiu: agarrando-se a
um cipó, ele foi descendo devagarinho, pegou a comida e disparou de volta para
o lugar onde se sentia em segurança.
Lá estávamos nós, extasiados, rindo com cada movimento do macaquinho e
aguardando uma nova aproximação. Um grito rompeu nosso encantamento: o corrimão
da trilha suspensa se despregou e a Maíris caiu ao chão. Prestamos socorro,
acalmando-a, dando-lhe água e ajudando-a a subir na trilha. Felizmente, não foi
além de um grande susto e alguns esfolamentos nas costas e nos braços.
Continuamos nosso passeio. Logo em seguida, o Alan chegou gritando: “Professora,
vem ver. Eu sei onde tem sete macacos. Tem um carregando o filhote nas costas!
É pra lá, é pra lá!” Sem demora estávamos assistindo um balé no ar. Era uma
loucura ver a habilidade que eles têm para pular de um galho para o outro,
aparecendo e desaparecendo entre as folhas. A alegria expressa na fisionomia e
nos risos da turma era inexplicável.
Vendo toda aquela beleza e pensando que os demais colegas iriam perder a
oportunidade, saímos da mata para chamá-los. Tivemos uma surpresa: havia uma
invasão de macacos! A festa durou umas duas horas.
Era praticamente impossível cumprir uma das regras do parque que proíbe
alimentar os animais. Em todos os lugares tinha uma mãozinha oferecendo
bananas, salgadinhos e bolachas. O Moisés cortou uma maça em vários pedaços e a
distribuiu. Os macacos não recusavam nada, nada, nada! Um deles apareceu
chupando pirulito e outro picolé... Por isso, vamos sugerir aos responsáveis
pelo parque ecológico que ao invés de proibir, orientem os visitantes a levar
alimentos adequados. O erro cometido é perdoável porque foi provocado por
sentimentos nobres. Muitos alunos queriam apenas sentir o prazer de tocar nos
animais. Era visível o carinho que demonstravam constantemente dentro de uma
sintonia maravilhosa. Todos que ali estavam vivenciaram algo sublime que só
compreende quem reconhece suas características comuns com o meio ambiente.
O local é público e adequado para as famílias passarem um domingo
preparando um churrasco, conversando, brincando e aprendendo a amar e respeitar
os recursos naturais. Ou mesmo, para as escolas organizarem piqueniques
culturais que estimulem a consciência ecológica.
OBS: Essas recordações
são de um passeio realizado em 2005.