Quero refletir um pouco sobre o que
vi e gostei e o que vi e não gostei nos jogos organizados pelos professores de
Educação Física da minha escola...
Nossos alunos passaram três dias
competindo nas modalidades de futsal, de voleibol e de handebol. Havia tanta
energia e alegria no ar! Nas arquibancadas eles podiam gritar à vontade. Dentro
da quadra eles podiam se movimentar à vontade. Fora da sala de aula eles podiam
ser mais espontâneos e livres.
É muito lindo ver a torcida feminina
enfileirada, batendo palmas em sintonia, vibrando e incentivando a sua turma. A
união, tão ausente em nossas relações aparece naturalmente.
Nós adultos, achamos até engraçado
ver aqueles adolescentes com a mão suada, o coração batendo mais forte, as
pernas tremendo, o rosto expressando aflição quando a disputa é apertada, os
dedinhos fazendo “figa” e o olhar desconsolado das meninas quando falham,
principalmente, no voleibol. São eles crescendo, são eles aprendendo a viver,
são eles abraçados fazendo a oração do pai-nosso, são eles superando desafios,
são eles descobrindo que na vida precisamos do outro para vencermos! Nessas
horas penso que eu devia ter jogado mais...
O que mais me incomodou nesses
jogos? O lixo jogado nas arquibancadas! Por que não dão alguns passos a mais e
colocam no saco plástico pendurado logo à frente? São eles imitando os
adultos... Pedi que me ajudassem a recolher e vários responderam: “Não fui eu
quem jogou?” Como é difícil educar para a cidadania! É claro que teve quem fez
a diferença e colaborou ajudando na limpeza.
O que me perturbou? Alguns alunos
batiam incessantemente as garrafas PET vazias contra as arquibancadas
provocando um barulho sem ritmo e por isso, insuportável. Fiquei com dúvidas em
relação ao que deveria fazer: pedir para parar ou deixar que extravasassem.
Estaria eu, sendo a “chata” se os proibisse de continuar? Ou, estaria eu, sendo
omissa diante de um ato que parecia ser mais agressivo do que um jeito de
torcer. Observei atentamente os alunos que faziam isso e tentei imaginar que
prazer sentiam em causar tanto barulho. Na incerteza do que seria correto
fazer, não interferi. Quantas dúvidas devem ter os pais deles quando precisam
decidir entre o sim e o não, entre deixar e impedir, entre oferecer e negar!
Um aluno da 6ª série começou a tocar
“We will, we will rock you”, batendo a garrafa PET contra o concreto das
arquibancadas e foi acompanhado pelos colegas nas palmas. Para eles era um
momento de curtição e para mim de saudade. Não sei se eles sabem que essa
música é do Queen e o que significa a tradução do refrão. Mas, eles estavam
fazendo exatamente o que a letra diz: “Nós vamos, nós vamos sacudir você!”. Penso
que eu devia ter dançado mais...
Nenhum comentário:
Postar um comentário