Um
exemplo de problema de Olimpíada de Matemática...
A figura dada é formada por um
triângulo e um retângulo, usando-se 60 palitos iguais. Para cada lado do
triângulo são necessários seis palitos. Se cada palito mede 5 cm de comprimento, qual é a
área (em cm²) do retângulo da figura?
(a) 1
200 (b) 1 800
(c) 2 700 (d) 3
600 (e) 4 500
OBS: No
momento da correção solicitei que os alunos representassem a figura do problema
usando palitos de fósforos para que conseguissem interpretar melhor a
situação-problema.
Em maio de 2005, assim que entrei na sala de aula e
soltei meu material sobre a mesa, ouvi um pedido inesperado do Maiquinho: “Professora,
me leva para as Olimpíadas de Matemática!” Imediatamente, respondi: “Não
vamos até às Olimpíadas: elas é que virão até nós. Já fizemos a inscrição.
Nossa escola participará, sim.”
Associamos a palavra olimpíada aos jogos que acontecem
de quatro em quatro anos, originariamente efetuados na cidade de Olímpia - na
Grécia antiga – e que, depois de um longo tempo esquecidos, foram retomados em 1896. A relação com o
esporte é tão evidente que freqüentemente se ouvia a seguinte pergunta: “Quando
é que vai acontecer a Maratona de Matemática?”. Vamos abrir outro parêntese
para falar sobre o sentido de maratona: corrida pedestre de cerca de 42 km - distância de Maratona
a Atenas. Segundo o dicionário, pode significar também, uma competição
esportiva, lúdica ou intelectual. Talvez, fosse mais adequado chamar a
Olimpíada de Matemática de Maratona de Matemática. Aliás, as maratonas
acontecem todos os anos, assim como as Olimpíadas de Matemática.
Expliquei às turmas que a organização dessas
olimpíadas é diferente dos jogos olímpicos que conhecemos através da televisão
e dos jornais.
As provas não são realizadas diante de uma torcida
numa cidade escolhida e para onde se deslocam várias equipes. O local da
competição é na própria escola.
Na verdade, os testes são individuais e tradicionais -
vinte questões com cinco alternativas cada uma. As habilidades avaliadas são
teóricas e não físicas.
Os alunos que se destacarem nas provas poderão receber
medalhas de ouro, prata ou bronze. Alguns ganharão bolsas de estudo.
Essa participação gerou expectativas e experiências
interessantes. No dia da prova, havia alunos dizendo que estavam ansiosos para
fazê-la, outros sentiam uma “dorzinha de barriga” e não faltaram os
“indiferentes que chutaram resultados porque não valia nota para o boletim”.
Depois, revendo e corrigindo as questões, percebemos como
muitas crianças vibravam ao descobrir que acertaram determinados problemas. Os
comentários mostravam a repercussão: “Eu falei com minha mãe sobre o
problema do tanque de gasolina do carro. Era fácil, eu não podia ter errado.”
Outros riam por terem se atrapalhado: “E aquele da régua? Caí direitinho.”
E havia observações que nos davam a certeza de estarmos no caminho certo,
enquanto educadores: “Eu entendi aquela questão das peças porque era igual
aquela que a professora ensinou pra nós com o material dourado.”
E, antes de divulgar os resultados, quando souberam
que a lista dos classificados estava pronta, não faltaram tentativas pra
conhecer antecipadamente o nome dos que nela constavam: “Diz pelo menos se
alguém da nossa sala passou. Por favor, professora!”
Olhando às folhas amarelas – prova do nível I - e
rosas – prova do nível II – me perguntei: “Quais são as possibilidades de
alguém acertar todas as vinte questões que nelas constam, apenas chutando uma
das cinco alternativas?” Peguei uma calculadora simples e não consegui porque o
resultado ultrapassava os oito dígitos que podem aparecem em seu visor.
Troquei-a por uma científica e também não deu um valor preciso porque esta
podia apresentar somente doze dígitos. Finalmente, tive que usar a calculadora
do meu computador, que aceita até trinta e dois dígitos e assim, consegui a
resposta: uma chance em noventa e cinco trilhões, trezentos e sessenta e sete
bilhões, quatrocentos e trinta e um milhões, seiscentos e quarenta mil e
seiscentos e vinte e cinco possibilidades. Parece impossível? Graças aos
conhecimentos matemáticos podemos provar que não é. E, inclusive, tivemos a
certeza de que para se sair bem em uma prova é necessário ter mais conhecimento
do que sorte.
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