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sábado, agosto 26, 2006

27. Nos últimos dias

Jornal de Cocal: 17 de dezembro de 2003

Mais um final de ano se aproxima e o local de maiores tensões e expectativas é sem dúvida alguma a escola.
Os alunos que acompanharam atenciosamente as aulas, fizeram os trabalhos propostos cumprindo prazos, estudaram o mínimo necessário para garantir boas notas e mantiveram a freqüência de aproximadamente cento por cento, esperam a confirmação de que foram aprovados e estão liberados das aulas de recuperação. Os demais alunos, um tanto angustiados e apreensivos porque sabem que seus desempenhos estiverem aquém do esperado, admitem a falta de boa vontade na realização da tarefas e da excessiva prática de brincadeiras inconvenientes, têm diversas lembranças dos momentos em que foram convidados a comparecer na sala de orientação, temem finalmente, ter que repetir mais uma vez a mesma série, embora “a esperança continua sendo última que morre”.
Os pais que sempre apoiaram os filhos e estiverem informados sobre a maneira como eles têm se comportado e participaram das atividades escolares orientando-os, com raras exceções, estão relativamente tranqüilos e felizes com os resultados. Porém, há alguns que resolveram tomar iniciativa de comparecer à escola somente no final do ano letivo para se mostrarem preocupados com a possibilidade do filho reprovar e tentar convencer os professores da importância que dão à educação. Outros, sequer deram notícias...
No final do mês de outubro uma menina tão feliz porque sua mãe disse que ia ao colégio para obter informações sobre sua atuação, e ela é uma das alunas mais problemáticas em relação à organização e disciplina. Isso prova que as famílias poderiam estimular nossos educandos valorizando o fato de que ele passa grande parte de sua vida num local que o recebe para melhorar amplamente sua educação.
Outro dia, eu estava na sala e um homem de óculos escuros, parado à porta chegou a me assustar, aguardei para que me dissesse algo, porém ele se afastou em silêncio. Querendo saber o que ele pretendia corri pelo corredor para perguntar e simplesmente ouvi que estava observando o comportamento do filho. Por que aquele pai não me perguntou nada? Será que acredita que sua atitude é positiva? Pelo que percebi o problema estava distante de uma timidez.
Os professores, cansados pelo excesso de trabalho intelectual e físico assumidos durante o ano, pelas decepções salariais e financeiras, pelo compromisso delicado referente à avaliação definitiva e pelas exigências da natureza humana que requerem um tempo de calma e descanso, cumprem suas obrigações finais para terminar mais uma fase de sua vida com a certeza da missão cumprida.

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