Alguns estudiosos fizeram sérias pesquisas para saber quantos “não” uma criança ouve, em média, no decorrer de sua vida. Orientam os pais para que ao invés de dizer “Não faça isso”, digam: “Se você fizesse dessa maneira seria melhor porque...” Justificam que dizer “não” inibe a criança a se expressar, tomar iniciativas, ser criativa, enfim, prejudica seu estado psicológico e sua capacidade intelectual. Essa atitude pode evitar atritos devido a necessidade que algumas crianças e adolescentes têm de ir contra as normas, principalmente, impostas.
Essa aversão ao “não” é percebida também nos cartazes postos em paredes e jardins. A forma de passar a mensagem mudou: “Não pise na grama” para “Cuide da natureza”; “Não arranque flores” para “Proteja as flores”; “Não jogue lixo no chão” para “Mantenha a cidade limpa”. Isso me faz lembrar de uma aula de Língua Portuguesa do Telecurso denominada “Com vinagre não se apanham moscas” e que tratava justamente dessa questão. É tanta preocupação em polir um pedido para que o outro não faça aquilo que se tivesse boa educação jamais faria.
Vendo um filme religioso sobre a história do povo hebreu, numa cena em que Moisés recebe as duas tábuas com os dez mandamentos, fiquei analisando a forma como Deus os “escreveu”: quase todos começam com a palavra não. Será que a humanidade mudaria se ao invés de “não matarás”, se ordenasse “zele pela vida humana”? Os ladrões de galinha e do dinheiro público respeitariam o “não furtarás”, se lhe fosse dito “toque somente no que te pertence por direito”? O capitalismo perderia força se o “não cobiçarás as coisas alheias”, se caracteriza-se como uma sugestão positiva dizendo “seja grato e feliz com as coisas que você tem”? As injustiças e fofocas seriam enterradas se o “não levantarás falso testemunho contra teu próximo”, fosse amenizado com um “diga sempre a verdade sobre as pessoas e lembre-se de que é difícil conhecê-las o suficiente para julgá-las”? A traição deixaria de existir se o “não desejarás a mulher do próximo”, fosse substituído por “ame exclusivamente uma única pessoa sem compromissos”? Será que haveria mais respeito com essas mudanças?
Acho que teremos uma sociedade mais harmônica o dia que os filhos souberem honrar seus pais e estes, seguirem as orientações dos seus corações repletos de amor pela criatura fantástica que fizeram.
O mandamento que parece ser mais respeitado é o que pede para que seja “guardado o dia de descanso”. Parece, porque normalmente não se vai trabalhar, mas sabemos que esse dia é reservado para questões espirituais que estão esquecidas há muito tempo.
Eu acho que Deus, em sua imensa sabedoria, foi extremamente objetivo. A sociedade atual ainda caminha errante pelo deserto da sua alma e por isso, se Ele tivesse que mudar algo, refaria as tábuas com cem mandamentos.
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