Os alunos foram avisados de que naquela terça-feira não
haveria aula porque os professores participariam de uma reunião pedagógica.
Eles gostaram do aviso porque poderiam dormir até mais tarde e assistir o
desenho animado do Bob Esponja Calça-Quadrada. Poucos aproveitaram a folga para
estudar mais um conteúdo que acham difícil, ler um livro, fazer as tarefas ou
mesmo ajudar nos afazeres domésticos.
Enquanto isso, os
professores desligaram o piloto-automático e assistiram a um filme que
objetivava reanimar o trabalho docente. Certamente, aquele filme – Escola da
Vida – não era dos melhores pra refletir sobre questões educacionais devido aos
momentos que fogem da realidade. Afinal de contas, que escola tem estrutura pra
dramatizar uma história acendendo uma fogueira dentro da própria sala de aula?
Que professor ganha tão bem que pode adquirir roupas épicas a fim de trazer o
passado mais próximo da realidade? Que condições existem para que se possa
planejar uma aula de Ciências exibindo um pulmão em perfeito estado de
conservação? Como pode o novo agradar tanto se não apresenta as marcas da
experiência? Como pode o velho ser tão ruim diante das mudanças da modernidade?
O bonito encanta e o feio é um tolo? O renovador é maravilhoso e o tradicional
é uma tragédia? É certo ensinar a perder com alegria? É correto competir às
custas da exclusão dos mais fracos? Enfim, nem um filme é perfeito! Assim, como
nenhum profissional está plenamente formado.
Embora as interpretações
e as partes que mais tocaram aqueles profissionais não sejam as mesmas, houve
um discurso – de um jovem professor - que prendeu a atenção de todos: “Estudar é coisa pra heróis. Ir para casa é
como encarar uma “Guerra nas Estrelas”. Vocês são como o Luke Skywalker ou Lucy
Skywalker, conforme o caso. E a escola é onde recebemos o treinamento Jedi.
Afinal, precisamos nos preparar para enfrentar o Império do Mal. Mas, o Império
do mal não é a escola, não são nossos pais, nem a salsicha de gosto duvidoso da
lanchonete. Não! O Império do Mal é uma crença. É crer que temos limitações.
Não temos. Talvez não saibam, mas todos vocês são suspeitos. Normam Warner (refere-se
a um antigo professor) foi meu mestre Jedi. O grande ensinamento que
ele me passou foi como aprender sozinho; ser meu próprio mestre. Quero que
aprendam que não devem se preocupar com o que vocês farão. Isso não importa.
Preocupem-se com o que vocês serão. Assim, nenhum bundão vai impedir que vocês
realizem seus sonhos. Este é o seu sabre de luz (fala mostrando um simples
lápis). Toque numa simples folha de papel
com fé, emoção e coragem e juntos faremos desse mundo um lugar melhor e me
levem nessa jornada com vocês.”
As reações foram
diversas. Alguns relembraram a história de Guerra nas Estrelas, outros frisaram
o descrédito do ser humano no seu potencial evolutivo, admiraram a importância
do lápis como instrumento de poder educativo e até retomaram momentaneamente
seus sonhos de participar da construção de um mundo melhor.
Entretanto, um educador
resolveu tecer apenas um comentário estranho: “Vejo em Skywalker as palavras céu e caminhante. Sky, céu! Walker, caminhante! É tão fácil
criar personagens marcantes. É tão difícil ser uma pessoa importante para a
humanidade.Fazer filmes é mais simples do que construir a realidade! Antes que
eu vire as costas estarão dizendo que estou fora de órbita. Mas, quem é que pode ter certeza de estar no caminho
certo. Talvez as borboletas e as baleias que não pensam, seguem a natureza!”
A maioria saiu
convencida, mesmo inconscientemente, de que precisava ampliar o conceito do que
é um lápis...
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