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domingo, agosto 27, 2006

114. Desejando voltar para casa

Jornal de Cocal: 2005

Há dias que estamos no trabalho desejando ardentemente voltar para casa. Perdemos a conta das vezes que olhamos para o relógio, mesmo sabendo, que essa insistência tem o poder de barrar a passagem do tempo.

Nem sempre sabemos explicar quais são os sentimentos que nos desconcentram de nossas obrigações. Raramente, são os mesmos...

Retrocedendo, podemos lembrar de várias situações em que desejamos virar às contas aos nossos compromissos. No entanto, com equilíbrio e bom senso, cumprimos as tarefas inquietantemente até o fim.

Lembramos daquele dia chuvoso que trouxe a monotonia para nossa alma. Os pés estavam gelados por causa das meias molhadas que não podiam ser trocadas naquele instante. A água que escorria pela vidraça convidava a ver um filme, em nosso quarto, aquecidos pelos nossos cobertores. Como seria bom deitar em nossa cama e relaxar ouvindo o barulhinho da chuva!

Quem de nós já não teve que voltar a lutar pela vida depois de ter se despedido eternamente de uma pessoa querida? E, pensando em se isolar num canto qualquer, tendo que buscar forças para evitar que os alheios à nossa história não notassem as lágrimas, assim como o aperto no coração. Afinal de contas, nossos problemas não são dos outros! A lei dos homens modernos é enfática ao exigir que problemas pessoais e profissionais devem ser separados.

Houve aquele dia em que aguardávamos o telefonema de alguém especial. Era uma vida nova surgindo em nossa vida. A ansiedade se misturava com a alegria de novas conquistas. Não adiantava chegar cedo porque o horário marcado não poderia ser antecipado. O espaço onde estávamos nos aprisionava, aumentando o desejo de fugir para casa.

Uma notícia ruim pede o conforto do lar. Ao ficarmos sabendo, por exemplo, que uma doença grave acomete uma pessoa amada, queremos enterrar nosso rosto num travesseiro e chorar para acomodar a dor que nos afeta. E, onde é que está o nosso travesseiro?

De vez em quando afugentamos nossa paz com uma briga familiar. Dormimos mal, saímos para a rua sofrendo com o conflito e sentimos o corpo doendo por causa da alma ferida. Queremos estar perto de quem nos magoou ou de quem magoamos. Só assim, teremos a chance de usar o remédio da reconciliação que aliviará a dor das intrigas. E, qual é melhor local para “se lavar as roupas sujas”?

Enfim, é gostoso chegar em casa, abrir as portas, colocar um chinelo, preparar um chá de camomila, acender um incenso, dar um beijo, espalhar talco no colchão, ler algumas páginas do livro de cabeceira, assistir um capítulo de novela, brincar com o cachorro, passar um óleo pelo corpo, conversar, ouvir, dormir.

Há coisas que só acontecem quando voltamos para casa. Só nos resta, então, pedir a Deus que nossa presença seja harmoniosa e importante, sempre.

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