Jornal de Cocal: maio de 2004
De domingo a sexta-feira, a pobre mulher programa seu despertador para as cinco e quarenta do dia seguinte. Ela trabalha na limpeza de um grande supermercado desde que ficou viúva. Muitas vezes, pensa que poderia estar fazendo algo melhor do que torcer um pano e lamentar a parceria que se desfez há mais de cinco anos, num acidente de trânsito. A notícia do falecimento de seu marido trouxe tristeza, destruiu as esperanças e aumentou as dificuldades financeiras. A vida folgada que planejou ter para o resto da vida foi interrompida porque teria que dar um jeito para sobreviver e sustentar as duas filhas. Arrependida por ter parado de estudar, assim que ouviu juras de amor eterno e a promessa de que teria tudo o que quisesse sem precisar trabalhar fora, partiu em busca do primeiro emprego. Foram intermináveis semanas procurando agências de emprego, preenchendo fichas em lojas, padarias, firmas, mercados e folheando anúncios de jornais. Porém a oportunidade de trabalhar só surgiu quando um vizinho soube que havia um emprego nesse supermercado. Ela se lembra dos cuidados que tomou para sair de casa bem produzida, pretendendo causar boa impressão e da decepção que teve ao descobrir que a vaga não era para caixa. Sentiu vontade de chorar, dizer que jamais se sujeitaria a tal função, mas sabia que sua família estava prestes a passar fome. Assinou o contrato na esperança de mais tarde conseguir subir dentro da empresa.
De domingo a sexta-feira, a pobre mulher programa seu despertador para as cinco e quarenta do dia seguinte. Ela trabalha na limpeza de um grande supermercado desde que ficou viúva. Muitas vezes, pensa que poderia estar fazendo algo melhor do que torcer um pano e lamentar a parceria que se desfez há mais de cinco anos, num acidente de trânsito. A notícia do falecimento de seu marido trouxe tristeza, destruiu as esperanças e aumentou as dificuldades financeiras. A vida folgada que planejou ter para o resto da vida foi interrompida porque teria que dar um jeito para sobreviver e sustentar as duas filhas. Arrependida por ter parado de estudar, assim que ouviu juras de amor eterno e a promessa de que teria tudo o que quisesse sem precisar trabalhar fora, partiu em busca do primeiro emprego. Foram intermináveis semanas procurando agências de emprego, preenchendo fichas em lojas, padarias, firmas, mercados e folheando anúncios de jornais. Porém a oportunidade de trabalhar só surgiu quando um vizinho soube que havia um emprego nesse supermercado. Ela se lembra dos cuidados que tomou para sair de casa bem produzida, pretendendo causar boa impressão e da decepção que teve ao descobrir que a vaga não era para caixa. Sentiu vontade de chorar, dizer que jamais se sujeitaria a tal função, mas sabia que sua família estava prestes a passar fome. Assinou o contrato na esperança de mais tarde conseguir subir dentro da empresa.
Quando a pobre mulher começou a fazer a limpeza do supermercado conheceu Marisa, a pessoa que ocupava o lugar onde desejava tanto estar. Achava que se estivesse sentada naquele banquinho, sorrindo para cada cliente que entrasse, tocando nas teclas da calculadora, ouvindo de perto o tilintar das moedas, solicitando que alguém lhe trouxesse uma toalha molhada, colocando os produtos em sacolas plásticas, informando o horário de atendimento ao telefone, entre tantas coisas, seria feliz e receberia um salário melhor. Por causa desse sonho varria, limpava, secava, tirava pó, lustrava, organizava, obedecia, caprichava, não faltava e sonhava.
A pobre mulher conheceu Vanessa que foi contratada para substituir Marisa que foi morar em outra cidade. Depois teve o desprazer de conhecer Mônica que substituiu Vanessa que foi aprovada num vestibular e para freqüentá-lo teve que deixar de trabalhar durante o dia. Logo em seguida conheceu Marilda que substituiu Mônica. Meses após conheceu Paulo que foi chamado para trabalhar no lugar de Marilda que foi demitida por justa causa após descobrirem que cometia alguns roubos. A rispidez de Paulo estava espantando até os fregueses antigos e por isso, sequer passou pela fase de experiência. Maria Antônia costumava chegar atrasada, reclamava do salário e dos horários de finais de semana e, por este motivo, saiu para dar lugar a Everaldo que, repentinamente, faleceu devido a um aneurisma. E finalmente, o gerente procura alguém para substituir Janira que já fez o pedido de licença à gestação.
A pobre mulher pensava nas oito pessoas como empecilhos ao seu progresso e não lutava pelo seu sonho, apenas sonhava. Resolveu buscar seu espaço. Entrou na sala do chefe determinada e com os olhos brilhando. Não demorou muito tempo para sair desanimada e com lágrimas escorrendo pela face. O nome do próximo obstáculo era Eduardo.
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