Jornal de Cocal: 7 de março de 2003
Salete está muito ocupada passando roupa e dando instruções ao marido que prepara o jantar e não percebe o olhar chateado e as tentativas frustradas da filha querendo lhe dizer algo importante. Buscando chamar a atenção dos pais, Julinha pega a lixeira e despeja o lixo dentro da bacia da pia, e essa atitude deixa todos espantados. Com isso, pôde começar a falar sobre as orientações que recebeu na escola:
Salete está muito ocupada passando roupa e dando instruções ao marido que prepara o jantar e não percebe o olhar chateado e as tentativas frustradas da filha querendo lhe dizer algo importante. Buscando chamar a atenção dos pais, Julinha pega a lixeira e despeja o lixo dentro da bacia da pia, e essa atitude deixa todos espantados. Com isso, pôde começar a falar sobre as orientações que recebeu na escola:
- Não podemos mais colocar os restos de comida junto com os frascos de refrigerante, vidros de café, latas de milho e ervilha, caixas de papel e outros materiais que podem ser reciclados. Na semana que vem começa a passar um caminhão para pegar o lixo reciclável e outro para o lixo que não pode ser vendido. No aterro sanitário vai ser enterrado somente as coisas que não dão mais para aproveitar novamente. Temos que nos organizar e proteger o meio ambiente senão o mundo vai ficar pior. Cada família deve participar da coleta seletiva do lixo. E antes que me esqueça, – disse a pequena olhando para o pai – os vidros de maionese devem ser lavados e os potes de doce, também. E tem mais, nós temos um quintal e é lá que devemos enterrar as cascas de batata, as sobras de verduras, as bananas que apodreceram e os restos de alimentos que não vamos comer. Assim a vida útil do aterro será muito maior.
- O que quer dizer vida útil do aterro, senhora defensora do meio ambiente? – perguntou a mãe controlando o riso.
- Isso eu não sei muito bem, mas a professora disse que quanto mais a gente colaborar mais a prefeitura, ou seja, nós contribuintes iremos economizar com o lixo.
- Pra vocês, crianças, tudo é tão fácil. Não tenho tempo para ficar separando esse lixo todo, vou deixar para os catadores fazerem esse trabalho, afinal de contam, eles sobrevivem disso.
- Mãe, você não está entendendo! Vão passar dois caminhões e nós temos que separar o lixo, porém, podemos deixar plásticos, vidros, metais e papéis juntos. O lixo orgânico irá direto para o aterro sanitário onde será coberto com uma camada de terra e compactado, que quer dizer socado. O lixo reciclável irá para um galpão onde os catadores irão selecionar e vender para sustentar suas famílias. Você precisa ser responsável e solidária.
O pai resolveu interferir, lembrando de uma propaganda que passa na televisão onde uma velhinha vai comprar quatro pães, porém só tem dinheiro para pagar três e num ato de solidariedade a dona da padaria pede à filha para colocar mais dois pães na sacola:
- Muitas vezes pensamos que ajudar os outros significar doar algo que temos e não usamos mais, comprar uma rifa que visa arrecadar dinheiro para cobrir as despesas de uma cirurgia de alguém que está com problemas de saúde, dar uma carona, ouvir as aflições de um amigo, entre outras coisas. É agora, eu percebo que participando dessa campanha estaremos melhorando a vida de inúmeras pessoas desconhecidas e a nossa própria. Se bem que essa colaboração não é um favor, é um dever de cada cidadão. Minha “rica flor de maracujá”, prometo que vou me esforçar ao máximo e fazer a coisa certa. Nosso lixo é de nossa responsabilidade, tanto com os moradores do município como com os catadores da usina. Podemos começar por esse lixo que está na pia?
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