Jornal de Cocal: novembro de 2004
Uma prova, normalmente, é elaborada para que até o aluno mais “demorado” a responda em quarenta e cinco ou noventa minutos, dependendo do horário das aulas. Pela diversidade de ritmos pessoais, que pode ser percebida em qualquer grupo, sempre há os que respondem as questões antes da metade do tempo previsto, os que demoram porque não sabem ou se desconcentram facilmente e os que são cautelosos e aproveitam cada segundo.
Uma prova, normalmente, é elaborada para que até o aluno mais “demorado” a responda em quarenta e cinco ou noventa minutos, dependendo do horário das aulas. Pela diversidade de ritmos pessoais, que pode ser percebida em qualquer grupo, sempre há os que respondem as questões antes da metade do tempo previsto, os que demoram porque não sabem ou se desconcentram facilmente e os que são cautelosos e aproveitam cada segundo.
Muitas vezes, o aluno que respondeu tudo ou não sabe mais nada, vira a folha e começa a rabiscar, escrever ou desenhar. Já encontrei coisas interessantes atrás das provas.
Uma menina, extremamente tímida, insegura, que só falava quando solicitada, com certa dificuldade de aprendizagem, fez algo que jamais esquecerei: desenhou o Smilingüido de joelhos, aos prantos e rezando. Imaginei que ela estivesse expressando seus sentimentos e desde então, passei a lhe dar mais atenção. Acho que preciso dizer quem é esse Smilingüido... Pelo que me consta, é uma formiguinha religiosa, comercializada em cadernos, agendas, penais e adesivos com mensagens bíblicas interessantes e positivas.
Essa onda de adesivos que atraí, especialmente as meninas, tem colorido até as nossas provas. De vez em quando aparecem “florzinhas, coraçõezinhos, borboletinhas, meninas super-poderosas, Sandy e alguns heróis com cara de bandido”. Recebi até uma lesma, que na minha opinião, estava vomitando a palavra prova que foi acrescentada ao original.
O pensamento das crianças pode viajar até os cemitérios, pelo menos foi o que aconteceu com uma garota que considero participativa e responsável. Ela desenhou uma lápide com a inscrição: “Karla ê 1992 2004”. E ainda, me deixou o seguinte recado: “É, professora, se eu tirar nota ruim, meu pai me mata”. Pensei: “Que bom que ele agiria assim! É sinal de que se preocupa contigo e cobra resultados”.
Enquanto uns vão direto ao “mundo da lua”, outros fazem um caminho mais próximo: hospital, clínica, Casa das Gaitas, Casa Benedette. O que será que esse garoto planejava? Como sei que ele adora música e detesta estudar, posso acertar porque estava na Rua Henrique Lage.
Há aqueles que buscam ajuda celestial: “Senhor Deus, neste exato momento coloco meus problemas em suas mãos, pois confio em ti que tudo pode e vê.” Sem querer ser maldosa, mas já conhecendo a preguiça que acomete este ser, respondo: “Apesar de todo o poder que Ele tem, está vendo sua falta de vontade, portanto, não irá resolver seus problemas, principalmente os de matemática”.
Poderíamos continuar esse assunto, mas não agüento mais ficar sentada diante desse computador, pensando, relendo pra ver se ficou bom, imaginando que nota vão me dar, olhando o sol brilhar lá fora e querendo sair pra rua. Vou completar com um “Boa Sorte!” e chega por hoje.
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