Jornal de Cocal: 19 de janeiro de 2005
Daniela acordou cedo e aproveitou para limpar a mesinha do computador que há tempo acumulava poeira e broncas da mãe. Retirou os livros, os CDs, o porta-retrato e os “anjinhos de gesso” que já ultrapassavam uma dúzia, e delicadamente os colocou sobre sua cama. Com um pano molhado limpou o monitor, a CPU, o teclado e a impressora e com uma flanela seca espalhou óleo de peroba no móvel de marfim para “limpar, lustrar, perfumar, realçar e proteger por muito mais tempo sem danificar a beleza natural da madeira”, conforme a escrita destacada no rótulo do produto. Fez o trabalho vagarosamente porque se encontrava de férias e não tinha compromisso com mais nada. Enfim, passou a manhã organizando seu quarto e planejando o futuro que poderia ter se conseguisse entrar nos Estados Unidos: já fazia economias com essa intenção.
Como qualquer mulher que fica sozinha em casa, Daniela não teve coragem de preparar um almoço só para ela: fez um sanduíche e um suco artificial de guaraná. Olhando para a fruteira, pensou: “Quando eu sentir fome, resistirei ao chocolate e comerei uma banana. Como essas frutas amadurecem rápido! Logo apodrecerão e as jogarei fora, ou seja, colocarei no lixo meu suado dinheirinho, enquanto relaxo na minha alimentação. Tento mudar meus hábitos alimentares, mas não sei o que acontece comigo!”
À tarde, não tinha nenhum programa interessante na televisão e ela, se recusava a assistir pela quinta vez. o filme “Para sempre Cinderela”.
Navegar na Internet é maravilhoso, porém pagar R$ 0,14438 a cada quatro minutos, ou seja, aproximadamente R$ 2,16 a cada hora pode parecer pouco, mas não é. Daniela pegou uma calculadora e descobriu que se ficasse na Internet quatro horas por dia - descontado os finais de semana - durante as três semanas de folga que lhe restavam, gastaria 36% do seu salário de secretaria: R$ 129,94 . Quem tem esse vício sabe que o tempo voa quando se está conectado è rede! O bom senso de quem trabalha muito e ganha pouco diz que “www” só nos sábados à tarde, depois das 14 horas, domingos e feriados e se agüentar, depois da meia-noite.
Ela pensou em ver a avó que morava num sítio próximo. Ligou para avisar que faria a visita e a mandaram ir ao hospital. No entanto, sequer se comoveu com a notícia e tratou de esquecer o assunto.
O que lhe restava para passar o tempo? Lembrou-se de um livro que ganhou de presente de aniversário e que apresentava um título atrativo: “Lições para vencer: do sonho à conquista”. O nome do autor, “João Dória Junior”, lhe soava conhecido, apesar de não recordar de quem se tratava mesmo lendo seu extenso e invejável currículo. Decidiu: “É isso que vou fazer, ler estas palavras. Afinal de contas, todo presente deve ser usado, mesmo que não agrade muito.”
Em menos de vinte minutos o livro estava embaixo da cama e Daniela sonhando com um futuro de sucesso em terras americanas.
Daniela acordou cedo e aproveitou para limpar a mesinha do computador que há tempo acumulava poeira e broncas da mãe. Retirou os livros, os CDs, o porta-retrato e os “anjinhos de gesso” que já ultrapassavam uma dúzia, e delicadamente os colocou sobre sua cama. Com um pano molhado limpou o monitor, a CPU, o teclado e a impressora e com uma flanela seca espalhou óleo de peroba no móvel de marfim para “limpar, lustrar, perfumar, realçar e proteger por muito mais tempo sem danificar a beleza natural da madeira”, conforme a escrita destacada no rótulo do produto. Fez o trabalho vagarosamente porque se encontrava de férias e não tinha compromisso com mais nada. Enfim, passou a manhã organizando seu quarto e planejando o futuro que poderia ter se conseguisse entrar nos Estados Unidos: já fazia economias com essa intenção.
Como qualquer mulher que fica sozinha em casa, Daniela não teve coragem de preparar um almoço só para ela: fez um sanduíche e um suco artificial de guaraná. Olhando para a fruteira, pensou: “Quando eu sentir fome, resistirei ao chocolate e comerei uma banana. Como essas frutas amadurecem rápido! Logo apodrecerão e as jogarei fora, ou seja, colocarei no lixo meu suado dinheirinho, enquanto relaxo na minha alimentação. Tento mudar meus hábitos alimentares, mas não sei o que acontece comigo!”
À tarde, não tinha nenhum programa interessante na televisão e ela, se recusava a assistir pela quinta vez. o filme “Para sempre Cinderela”.
Navegar na Internet é maravilhoso, porém pagar R$ 0,14438 a cada quatro minutos, ou seja, aproximadamente R$ 2,16 a cada hora pode parecer pouco, mas não é. Daniela pegou uma calculadora e descobriu que se ficasse na Internet quatro horas por dia - descontado os finais de semana - durante as três semanas de folga que lhe restavam, gastaria 36% do seu salário de secretaria: R$ 129,94 . Quem tem esse vício sabe que o tempo voa quando se está conectado è rede! O bom senso de quem trabalha muito e ganha pouco diz que “www” só nos sábados à tarde, depois das 14 horas, domingos e feriados e se agüentar, depois da meia-noite.
Ela pensou em ver a avó que morava num sítio próximo. Ligou para avisar que faria a visita e a mandaram ir ao hospital. No entanto, sequer se comoveu com a notícia e tratou de esquecer o assunto.
O que lhe restava para passar o tempo? Lembrou-se de um livro que ganhou de presente de aniversário e que apresentava um título atrativo: “Lições para vencer: do sonho à conquista”. O nome do autor, “João Dória Junior”, lhe soava conhecido, apesar de não recordar de quem se tratava mesmo lendo seu extenso e invejável currículo. Decidiu: “É isso que vou fazer, ler estas palavras. Afinal de contas, todo presente deve ser usado, mesmo que não agrade muito.”
Em menos de vinte minutos o livro estava embaixo da cama e Daniela sonhando com um futuro de sucesso em terras americanas.
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