Sentadas na parada de ônibus, duas mulheres conversavam sobre o final da minissérie JK, da TV Globo. Os capítulos em questão se referiam a fase em que a ditadura se instalava no Brasil: "Chorei muito quando vi o que o governo fazia. Como eram cruéis! Quanta tristeza os familiares tiveram que suportar! E a solidão do exílio? Saber que não podiam voltar para o próprio país se quisesse continuar vivo..." E prosseguiu: "Eu custo acreditar que o ser humano pode ser tão mau."
Uma amiga emprestou-me o filme "A Paixão de Cristo" e comentou: "Achei esse filme muito pesado. Eu já sabia que Jesus foi chicoteado, que cuspiram em seu rosto e enfiaram uma coroa de espinhos em sua cabeça, mas teve horas que eu chorei tanto e só por Deus assisti até o fim. Sabe, eu não entendendo como o ser humano pôde ser tão ruim, fazer tanta malvadeza com uma que só pregava o bem, o amor ao próximo."
Assisti um programa da TV Escola sobre os índios do Brasil. Nele, uma antropóloga kaingang fala sobre o massacre e a discriminação sofrida pela sua tribo que habita a região sul brasileira: "Por volta de 1910, na época da Guerra do Contestado, eram contratados bugreiros para dizimar os índios. Para provar ao homem branco que realmente tinham matado um índio eles eram obrigados a levar uma orelha ou o escalpo. Um desses, digamos, pistoleiros, contou que quando voltou ao local onde haviam matado vários índios no dia anterior, encontrou um deles estrebuchado, ainda com vida e que até parecia gente. Ou seja, para eles, nossos antepassados não eram sequer pessoas." Vendo isso, não há como não questionar a falta de amor de um povo com o outro.
O primeiro contato que tive com livros que apresentavam a história dos negros, escravos deixaram-me chocada. Eu sabia o quanto doía apanhar com um tento ou com uma vara de vime, de vez em quando. Por isso, meu coração disparava ao olhar as figuras ilustrando um negro amarrado a um pau, sangrando, recebendo chicotadas de um feitor musculoso. E, no caminho de casa, ficava buscando uma resposta: "Que mal eles fizeram para serem tratados com tanta brutalidade?"
Acabei de ler um livro intitulado Treblinka escrito por Jean... Treblinka foi um campo de concentração que exterminou aproximadamente seiscentos mil judeus. Aprendi muito sobre o Holocausto. Descobri coisas horríveis que os homens fizeram contra seus semelhantes. As cenas relatadas são terríveis: crianças saciavam a sede sugando o suor do corpo das mães; filas de judeus nus indo para as câmaras de gás sem reagir; homens sendo obrigados a fingir um ato sexual com uma mulher caída no chão após ter o ventre cortado por uma baioneta; corpos sendo enterrados e desenterrados para queimar os vestígios, visando esconder da humanidade o extermínio praticado por eles; soldados alemães tiravam crianças do colo das mães e as jogavam nas fornalhas, dizendo para as mães: "Se você ama seu filho, vá buscá-lo." Em meio a tanta dor, os judeus ainda faziam humor-negro, perguntando um ao outro: "Você acredita na vida após vagão?" Antes de concluir a leitura da obra eu queria compreender como o Homem tem coragem de fazer tantas barbáries.
Assisti um manifesto, organizado por Regina Casé, denunciando a violência dos homens contra as mulheres, principalmente no estado de Pernambuco. Os casos de agressão não deixam dúvidas da falta de respeito dentro da própria família e dá vontade de gritar: "Por que você, Homem, é tão covarde?"
O Mal está presente nas sociedades sob diversas formas. Enquanto isso, o Bem questiona e luta para mudar esse quadro. Que o Bem vença o Mal, como nos desenhos animados. É uma pena que a realidade não é igual à ficção...
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