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segunda-feira, setembro 04, 2006

147. Mensagem presente nos Hinos Nacionais

Jornal de Cocal: 14 de junho de 2006

Durante a Copa muito se fala sobre a beleza do Hino Nacional brasileiro. Há quem ache estranho, um país como o Brasil - que pouco investe na educação básica e na cultura - ter um hino com letra tão bonita e música tão sofisticada. Não podemos esconder, entretanto, o desconhecimento popular do significado de diversos vocábulos nele contido. Apesar de tudo, prevalece o poder de derramar lágrimas através da sua música.

Antes dos jogos da Copa do Mundo são executados os hinos dos times competidores. No canto inferior da televisão lemos a tradução. Percebi expressões comuns na maioria dos hinos: liberdade, brilho, luta, canhões, flores. A mensagem, muitas vezes, simboliza soldados que batalham contra os inimigos externos ou conterrâneos. Esse interesse levou-me a pesquisar. Inicialmente, eu queria saber o que diz o hino da França, da Alemanha, dos Estados Unidos, da Inglaterra, da Itália. Por não encontrar a tradução, mudei o rumo da minha busca para os países onde se fala a Língua Portuguesa. Perguntei-me: o que passa pela cabeça desses povos quando ouvem sua canção patriótica?

Começamos por Portugal: “ Heróis do mar, nobre povo... Às armas, às armas! Sobre a terra, sobre o mar. Às armas, às armas! Pela Pátria lutar. Contra os canhões marchar, marchar!” A “descoberta do Brasil” é conseqüência da competência portuguesa na arte de navegar e construir embarcações. Mas, porque esse teor fortemente bélico numa canção?

O Timor-Leste tornou-se independente de Portugal em 1975 e libertou-se do domínio da Indonésia somente em 2002. Ainda hoje, a letra do seu hino expressa seus sentimentos recentes: Pátria, Pátria, Timor-Leste, nossa Nação. Glória ao povo e aos heróis da nossa libertação.Vencemos o colonialismo, gritamos: Abaixo o imperialismo. Terra livre, povo livre. Não, não, não à exploração. Avante unidos firmes e decididos.” O governo brasileiro enviou recentemente uns sessenta educadores brasileiros para colaborar com o Ministério da Educação desse povo.

Moçambique também considera sua pátria bela, quer liberdade, tem um sol que sempre brilhará e “pedra a pedra” com uma “força única de milhões de braços” constrói um novo dia. Eles prometem: “Flores brotando do chão do teu suor. Pelos montes, pelos rios, pelo mar. Nós juramos por ti, oh Moçambique. Nenhum tirano irá nos escravizar.”

Cabo Verde apresenta lindamente: “Canta, meu irmão. Que a liberdade é hino. E o homem a certeza. Com dignidade, enterra a semente. No pó da ilha nua. No despenhadeiro da vida. A esperança é do tamanho do mar.”

O que será que aconteceu num certo quatro de fevereiro na Angola? Penso que não foi um dia tão fácil como o nosso sete de setembro. “Ó Pátria, nunca mais esqueceremos. Os heróis do quatro de Fevereiro. Ó Pátria, nós saudamos os teus filhos. Tombados pela nossa Independência. Honramos o passado e a nossa História. Construindo no Trabalho o Homem novo.”

Açores canta : “Para a frente! Em comunhão, pela nossa autonomia. Liberdade, justiça e razão estão acesas no alto clarão da bandeira que nos guia.” Florianópolis recebeu muitos açorianos, cujos descendentes vêem sua liberdade tolhida pela violência, assistem a corrupção afronta os desejos de justiça e que grita pela razão que deve estar presente nos animais ditos racionais.

Cada povo luta constantemente para que a sua História seja um exemplo. Seja chorando, morrendo, sofrendo, amando ou cantando.

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