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terça-feira, dezembro 05, 2006

170. Dá pra acreditar mais no potencial humano


Jornal de Cocal: 6 de dezembro de 2006

Um dia, inesperadamente, uma lembrança vem à tona. Ficamos surpresos com os fatos guardados no fundo do baú da nossa memória. Muitas vezes, nos perguntamos: “Por que estou lembrando daqueles vizinhos encrenqueiros? Daquela noite que um homem perdeu a dentadura e a procurava no escuro? Daquele fim de semana que nos perdemos no meio do mato procurando amora? Do pavor que eu sentia quando encontrava uma patrola na estrada? Do sapato vermelho que ganhei de minha madrinha? Do gatinho que matei com uma paulada no nariz? Como posso, depois de tantos anos, reviver esses acontecimentos com tanta nitidez?” As associações geradas em nosso cérebro parecem inexplicáveis. O poder dos seres racionais é fantástico.

Em outros momentos admiramos os recursos materiais, medicamentos, meios de transporte e de comunicação que nos cercam. Ficamos perplexos diante da qualidade das obras de arte, das músicas, dos filmes e da arquitetura. Sentimos um mistério nos envolvendo nas linhas da natureza reorganizadas por pessoas comuns. Então, não podemos negar que há muito conhecimento intensificando nossa existência terrena e mostrando a força contida na mente dos homens e das mulheres.

Acompanhar a evolução de um bebê nos faz refletir ainda mais sobre o potencial humano. A maioria dos familiares afirma que “aquela pequena criança” é extremamente inteligente, ou seja, assimila rapidamente as novidades que lhe são apresentadas. Eles ficam orgulhosos com o progresso visualizado diariamente e prevêem um futuro brilhante, principalmente na escola. Infelizmente, as expectativas não correspondem com a realidade. Por que será?

Em geral as crianças pequenas são consideradas espertas, instigantes, criativas, críticas e têm a credibilidade dos adultos em relação às suas capacidades. Mas, quando iniciam a “vida acadêmica”, os conceitos mudam, os rótulos surgem e os problemas de aprendizagem são diversificados.

O sucesso escolar, apesar de existir, é esquecido. Em compensação, o fracasso dos educandos domina os assuntos, os espaços dedicados às reflexões e inferniza os educadores, pais e alunos. Inferniza é um termo forte para explicar a situação vivenciada pela comunidade escolar diante dos objetivos não atingidos, porém, representa o conjunto dos sentimentos de cada segmento. Poucos, dos envolvidos nesse processo, são completamente indiferentes às avaliações negativas. Eles sabem que as conquistas e derrotas oriundas dos bancos escolares refletem na vida.

É complicado entender por que há tanto fracasso no meio de tanto poder intelectual. Não dá pra conceber que as crianças “emburreceram” enquanto aproximavam-se da adolescência e que os adultos perderam o prazer de aprender. Temos que acreditar no potencial humano. Somos capazes de ir além desse limite que, nós próprios, nos impomos.

Seria maravilhoso ver esse mundo como uma grande escola que nos convida a crescer integralmente. A felicidade que tanto almejamos pode ser encontrada na leitura, na resolução de um problema de matemática, na localização de um país, nas discussões sobre os fenômenos climáticos, nas conversas sobre os preconceitos sociais, nas pesquisas, etc. Podemos ser um aluno exemplar e feliz com os resultados que obtém!

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