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domingo, agosto 27, 2006

109. A mesma história de sempre

Jornal de Cocal: 2005

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei 9394/96 - prevê que os alunos deverão estar participando do processo educativo formal, ou seja, recebendo o conhecimento idealizado pela escola, por no mínimo duzentos dias e oitocentas horas durante o ano letivo, excluídos o tempo reservado para os exames finais.

Alguns professores terão durante o ano trinta e três horas, outros o dobro, outros o triplo, outros o quádruplo e até o quíntuplo desse tempo para colocar em pauta o conteúdo das suas respectivas disciplinas, projetos, temas transversais e avaliar o desempenho dos alunos. É um trabalho de planejamento, revisão e ajustes que exige muito dos profissionais. O compromisso de fazer o melhor gera preocupações positivas e esforços pouco reconhecidos.

O aluno perderá a chance de ser aprovado se faltar mais do que cinqüenta dias sem justificar o motivo de sua ausência. A freqüência é fundamental para o ensino e lei sabiamente cobra isso.
Não faz muito tempo que garantir a média sete era uma questão de honra e reprovar era humilhante. Tirar nota máxima dava uma sensação de sucesso inexplicável. Hoje, sabemos que a nota representa muito pouco em termos de garantia de um futuro melhor, no entanto, esse recurso não deixou de ser um parâmetro para que os pais verifiquem como “seus filhos estão na escola”.

Uma diretora contou que sua filha era uma excelente aluna: nos boletins nunca apareciam notas inferiores a oito e os elogios que recebia a fizeram acreditar que tinha elevado potencial para enfrentar os desafios que naturalmente surgiram no mercado de trabalho. Porém, assim que se formou e começou a fazer testes de classificação para vagas de trabalho e a prestar concursos públicos. percebeu suas limitações. Certa noite, decepcionada, com lágrimas correndo pelo rosto, questionou: “Mãe, porque a escola me enganou? Porque vocês me fizeram acreditar que eu era boa? Não deviam ter mentido pra mim. Eu fui enganada pela escola. Me iludiram demais. Por que, mãe? Por que não me disseram a verdade?” Ela, como mãe e educadora, não conseguiu dar uma resposta satisfatória, embora sentisse que havia acertado mais do que errado.

A sensação que temos é a de que não damos conta de atender às tantas exigências. Precisamos ler mais, trocar idéias e experiências com colegas de trabalho, dar atenção individualizada aos alunos, fazer cursos, acompanhar os noticiários, saber usar as novas tecnologias, cuidar da família e de nós mesmos. É o mesmo discurso de sempre que na medida do possível tem sido posto em prática.

Não estamos reclamando, só pedimos que respeitem as nossas limitações profissionais e pessoais. Temos uma missão, porém, não somos super-heróis com poderes fantásticos. Temos algumas armas para serem usadas em prol do bem, mas não estamos aqui para salvarmos o mundo.

Vamos parar com essa velha história mal amarrada – como a seqüência desse texto - que parece não ter começo, meio e fim. No entanto, continuaremos a acreditar que um dia ela poderá ser concluída de uma maneira brilhante.

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