Jornal de Cocal: 21 de janeiro de 2004
A família Oliveira decidiu que viajaria no início do ano a fim de visitar os familiares que não via há mais de sete anos. A programação da viagem foi preparada cuidadosamente: fizeram algumas economias para a compra das passagens, pediram ao guarda da rua para observar melhor a casa que ficaria “abandonada”, deixaram os aparelhos mais caros com os vizinhos porque os roubos às residências eram alarmantes, pagaram uma pessoa para tratar os gatos e cachorros e deixaram dinheiro com um parente de confiança que deveria pagar as contas de luz, água e telefone assim que chegassem.
Os quatro ajudaram a organizar as malas no dia anterior e demonstravam claramente a ansiedade de rever os lugares e as pessoas que deixaram com a intenção de melhorar a vida. Alberto, o pai, falava da turma de futebol de campo, frisando que foram premiados com dinheiro, terneiros, pacotes de erva-mate, porcos e até bode, nos torneios realizados nas comunidades do município onde morava. A mãe, Verônica, relembra dos bailes que ia na companhia das primas e eram vigiadas pelos irmãos, pais e fofoqueiros durante a noite inteira. Marcelo, o filho de vinte anos, contava as traquinagens aprontadas com os colegas que pegavam o ônibus da prefeitura e os levava até o portão do colégio. Marciano era bebê quando aconteceu a mudança de cidade e conhece algumas pessoas pelas histórias ouvidas ou pelos contatos que teve por telefone. Assim, animadamente todos partem à rodoviária, onde estarão novamente depois de quatro semanas.
Inicialmente, os reencontros foram emocionantes para os pais e um tanto chato para os filhos. Alberto e Verônica conversaram muito sobre vizinhos fofoqueiros, tios doentes, primos devedores, ex-colegas desonestos, amigos criminosos, filhas de conhecidos que engravidaram sem conseguir assumir as responsabilidades, adolescentes que abandonaram a escola e escolheram as drogas, fracassos nas colheitas devido a falta de chuvas, prejuízos na suinocultura e a dificuldade de conseguir um bom emprego. Marcelo procurou em vão pelos amigos de infância e soube que uns estudavam ou trabalhavam fora, outros mudaram de endereço, um deles estava se tratando em uma clínica de recuperação de drogados e outros dois haviam morrido num acidente de trânsito, por isso, se sentiu deprimido até fazer novas amizades. Marciano conquistou a atenção de várias crianças de sua idade, se aventurou em rios, nadou em pesqueiras, viu homens caçando rãs, bateu fotografias com porcos, explorou reflorestamentos de pinus e eucaliptos, aprendeu a localizar algumas constelações como o Cruzeiro do Sul, brincou de esconde-esconde nas noites enluaradas, matou inúmeros borrachudos, sentou sobre as lenhas que estavam na carroceria de um trator e ajudou a descarregá-lo, descobriu que é dado leite em pó para os pintos, conheceu um gato que matou um coelho, assistiu Tom e Jerry, curtiu as águas termais das piscinas de Piratuba, correu na chuva, jogou vídeo-game, acompanhou os avós numa missa e não sentiu os dias passarem.
Os dias foram maravilhosos para todos eles, mas a alegria de estar aproveitando bem as férias esteve presente de forma mais constante em quem melhor soube sentir a inocência e a magia da arte de viver.
A família Oliveira decidiu que viajaria no início do ano a fim de visitar os familiares que não via há mais de sete anos. A programação da viagem foi preparada cuidadosamente: fizeram algumas economias para a compra das passagens, pediram ao guarda da rua para observar melhor a casa que ficaria “abandonada”, deixaram os aparelhos mais caros com os vizinhos porque os roubos às residências eram alarmantes, pagaram uma pessoa para tratar os gatos e cachorros e deixaram dinheiro com um parente de confiança que deveria pagar as contas de luz, água e telefone assim que chegassem.
Os quatro ajudaram a organizar as malas no dia anterior e demonstravam claramente a ansiedade de rever os lugares e as pessoas que deixaram com a intenção de melhorar a vida. Alberto, o pai, falava da turma de futebol de campo, frisando que foram premiados com dinheiro, terneiros, pacotes de erva-mate, porcos e até bode, nos torneios realizados nas comunidades do município onde morava. A mãe, Verônica, relembra dos bailes que ia na companhia das primas e eram vigiadas pelos irmãos, pais e fofoqueiros durante a noite inteira. Marcelo, o filho de vinte anos, contava as traquinagens aprontadas com os colegas que pegavam o ônibus da prefeitura e os levava até o portão do colégio. Marciano era bebê quando aconteceu a mudança de cidade e conhece algumas pessoas pelas histórias ouvidas ou pelos contatos que teve por telefone. Assim, animadamente todos partem à rodoviária, onde estarão novamente depois de quatro semanas.
Inicialmente, os reencontros foram emocionantes para os pais e um tanto chato para os filhos. Alberto e Verônica conversaram muito sobre vizinhos fofoqueiros, tios doentes, primos devedores, ex-colegas desonestos, amigos criminosos, filhas de conhecidos que engravidaram sem conseguir assumir as responsabilidades, adolescentes que abandonaram a escola e escolheram as drogas, fracassos nas colheitas devido a falta de chuvas, prejuízos na suinocultura e a dificuldade de conseguir um bom emprego. Marcelo procurou em vão pelos amigos de infância e soube que uns estudavam ou trabalhavam fora, outros mudaram de endereço, um deles estava se tratando em uma clínica de recuperação de drogados e outros dois haviam morrido num acidente de trânsito, por isso, se sentiu deprimido até fazer novas amizades. Marciano conquistou a atenção de várias crianças de sua idade, se aventurou em rios, nadou em pesqueiras, viu homens caçando rãs, bateu fotografias com porcos, explorou reflorestamentos de pinus e eucaliptos, aprendeu a localizar algumas constelações como o Cruzeiro do Sul, brincou de esconde-esconde nas noites enluaradas, matou inúmeros borrachudos, sentou sobre as lenhas que estavam na carroceria de um trator e ajudou a descarregá-lo, descobriu que é dado leite em pó para os pintos, conheceu um gato que matou um coelho, assistiu Tom e Jerry, curtiu as águas termais das piscinas de Piratuba, correu na chuva, jogou vídeo-game, acompanhou os avós numa missa e não sentiu os dias passarem.
Os dias foram maravilhosos para todos eles, mas a alegria de estar aproveitando bem as férias esteve presente de forma mais constante em quem melhor soube sentir a inocência e a magia da arte de viver.
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